इह चेदवेदीदथ सत्यमस्ति न चेदिहावेदीन्महती विनष्टिः ।
भूतेषु भूतेषु विचित्य धीराः प्रेत्यास्माल्लोकादमृता भवन्ति ॥
iha cedavedīdatha satyamasti na cedihāvedīnmahatī vinaṣṭiḥ |
bhūteṣu bhūteṣu vicitya dhīrāḥ pretyāsmāllokādamṛtā bhavanti ||
Se ele conhece (brahman) aqui (nesta vida), então existe verdade (significado).
Se ele não conhece (brahman) aqui (nesta vida), então a perda é imensa.
Tendo discernido (esta verdade, brahman) em todos os seres, os sábios, abandonando [a identificação com] o mundo, tornam-se imortais.
(Kena Upaniṣad, II, 5)
Parece claro que um julgamento que o ser humano faz acerca de si mesmo é:
“Da forma como me vejo agora eu sou incompleto, inadequado, limitado”.
A evidência deste julgamento comprova-se na busca constante por objectos, situações e pessoas que proporcionem segurança e prazer. De alguma forma, queremos acabar com a sensação de que nos falta alguma coisa. Queremos aquilo que é completo, em todos os momentos e não afectado por nada.
Por detrás de todos os projectos de vida, de todas as experiências e relações está esta busca pelo pleno, pelo fim da carência. Mas até agora, tudo o que conquistamos na vida só nos trouxe, na melhor das hipóteses, fugazes momentos de alegria e satisfação.
E se o julgamento básico estiver equivocado? E se a natureza essencial do ser humano não for incompletude? Esta é uma questão válida porque o desejo de ser completo não é um desejo condicionado. Não é algo que o ser humano construa ao longo da vida. É algo natural e universal.
E é aqui que o vedānta nos apresenta uma afirmação surpreendente e radical:
“Tu já és aquilo que tanto buscas! Tu já és completo!”.
Procuramos a plenitude porque não a reconhecemos em nós. O problema é então a ignorância: a ignorância de si mesmo. Uma ignorância que nos levou a fazer um julgamento equivocado acerca da nossa natureza real. Assim, se o problema é a ignorância de si mesmo, a solução só poderá ser o autoconhecimento e para isso precisamos de um meio de conhecimento apropriado.
Vedānta é então o nome do meio de conhecimento que, através do uso adequado das palavras, revela a natureza do ser essencial que somos: plenitude. Vedānta, também conhecido por upaniṣad ou por jñāṇa kāṇḍa, encontra-se na parte final dos vedas, um corpo de conhecimento muito vasto e antigo da Índia.
Mas para que o ensinamento de vedānta faça sentido e remova a ignorância que temos acerca de nós próprios é necessária a adequada preparação mental e um estilo de vida condizente. O yoga é esse estilo de vida, que envolve um conjunto de valores, práticas físicas e mentais, dando ao estudante a maturidade emocional e intelectual necessária para o estudo de vedānta. Assim, tanto o vedānta como o yoga são necessários para mokṣa: a liberdade da sensação de limitação.
आत्मा वा अरे द्रष्टव्यः श्रोतव्यः मन्तव्यः निदिध्यासितव्यः
ātmā vā are draṣṭavyaḥ śrotavyaḥ mantavyaḥ nididhyāsitavyaḥ
O ātmā (o si mesmo) tem que ser conhecido, ouvindo-se, reflectindo e contemplando sobre ele.
(Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad, II, 4, 5)
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